quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Tem vezes em que a gente entra muito fundo nas coisas. As vezes eu entro na profundeza de uma madrugada, um pouco fria, com um tanto de orvalho espalhado entre fractais lunares. Espalho-me um pouco pela imensidão de momentos um pouco frios, mas intensos, como que um dia que acaba com chuva.
            Algumas horas sinto meu corpo inteiro um pouco dolorido, um pouco cheio, cansado do mundo inteiro nas costas, pesando a postura que deveria ir leve buscar o ar e o pensamento. Caio os ombros, tento achar conforto. Nem sempre existe conforto, e penso que não é o que quero agora. Como chuva em final de dia, quero me ater ao desconforto, quero embrenhar-me no que não conheço ainda, um pouco para saber como é estar completo. O que  não pressupõe que o completo esteja nos outros, está nos outros, mas dentro de nós nos outros. A ligação que sinto tênue deveria ser um estado de não corpo entre outro. Completo, completo enquanto não cartesiano. Não são fragmentos que se unem em ordenação lógica, são todos que se ligam em pequenos fragmentos.  As vezes entendo o todo, as vezes não, mas nunca consegui entender o que são os fragmentos. Então me solto muito as vezes, com os cabelos deitando renitentes no meu rosto, tocando de leve Constancia. Um balanço, e aos poucos sou todo o movimento, aos poucos sou todo o vento, e me deixo levar. Torno-me  um pouco de tudo, solto e dispersos em ondas que toco e não controlo, que esbarro mas não entro, e quando entro vou tão fundo que quero sair. Acho que sinto pouco tempo. Acho que talvez o tempo é que tenha se desfeito.

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