sábado, 4 de novembro de 2017

Caminho dourado
Quao serena é tua face brilhando em minha pele
Quao macio teu sorriso descansando minhas rugas
Tao manso teu sussurro me embalando

As gotas que escorrem sao agora felizes
E o coracao transborda
Naturalizando todas as faces deste prisma que me guarda
Aceito este involucro com amor
Sem me limitar
Tomo pra mim a caixa e o espaço dentro dela
Ja nao peco o presente
Dispenso

Sua face prateada
Acariciando a grama lunar
Teu burburinho macio e fresco
Tua fonte brilhando jorra e sinto ja meus pes testando a temperatura das tuas aguas
Como é bom me banharnas tuas profundezas
Como é bom quando me leva pra visitar teu sorriso manso
Como é suave quando move leve meus pes a caminhar pelo teu santuario
Grilos borboletas passarinhos tao miudos e brincalhoes
Formigas em seus misterios
Olhos doces
Olhos de tantos sois
Todos me levando a passear com voce pra o espaco onde se escondem as cigarras deppis que esquecem de cantar.
E eu tambem esqueci.
Ja nao canto pra nao perder tua fala.
Sim
Sim
Leva essa alma, amado
Leva
Acaricia esse peito, amado
Faz com que teu colo seja minha cama e teu manto minha unica veste. Deixa q eu deite em tudo que tece
Me faz enfim desabrochar
E o sorriso que iluminava minha sede de crianca pode enfim voltar
Porque ja procuro onde a danca é eterna
Suspiro onde posso esvaziar
Calo onde posso desaparecer
E vivo onde posso lembrar
Tão simples. Resolvido. O não lugar vai aos poucos se alojando dentro de mimm e nao me esforco nem desfoco. Solto. Navego pela baia em que me pousou o oceano. Descansando nas multiplas formas de ser, vou me desalinhando. Desalinhando para deixar de ser linear. Entortando para aprender a sorrir com tudo. Me aceitando em torcoes ate que escorra o suco do que nao é extremo. O suco q sempre me habito. Mas preciso muitas vezes espremer-me para poder me ver de novo espacoso e descansar. Como é bom o balanço. Como é bom voar. Como é bom as vezes deixar de ser, deixar de pensar, deixar de estar, deixar simplesmente. Talvez seja isso. Permitir. Deixar. Sem querer. O querer é insistencia teimosa, errante, fruto da mente viciada do que busca. Busca... acho q cansei de buscar alguma coisa. Me alma se enrugou. Agora ela simplesmente se deita em tudo pelo que passa. Se é vento e sumo, só há vento. E vejo, em voo, que estou alem do pecado. E alem do nao pecado tambem. Quem é aquele que se enformou, que se informou, que se enjaulou? Honro-o. É tao bonita e sincera a busca. Tao bonito o querer ser. Tao penoso o querer ser reconhecido. Mas talvez o que nao é ja seja. Talvez o que é nao seja. Talvez o alem nao se suje com o que vem. E talvez seja so saltar. Saltar. Ser trovao. Subitamente descolar. Energicamente desprezar tudo. Sim. Talvez seja isso. Desprezar tudo. Sem desdem. Mas desprezar. E despesar. Sem peso e sem meta se pode flutuar. Sem carga e sem cargo, sem responsabilidade e sem formalidade. Se é só ir, com o que se preocupar ? Com o que se ocupar ? Meta? Disciplina? Batalha? Sofrimento? Onde estive esse tempo todo ? Escondido com medo de confessar q é tao simples que nao exige esforco e nao rende medalha? Tao simples que nao ha nem porque tracar caminho. Caminho tracado desfaz o caminho em si. Busca desfaz o alvo. Forca desfaz o suspiro. Quero (quero?) Apenas deixar ser. Deixar de ser. Sem o quero. Sem o vir a ser. Sem o vir. E sem tentar Ser tambem ? Como é qje posso fazer esforco pra Ser ?