quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Minha face está repleta de gotas insalubres do orvalho distante da noite. Gosto saudoso de luz de dia claro, sonho perdido na lua.
Queria abraçar o mundo, senti-lo um pouco mais perto e ameno, atravessá-lo numa fresta até senti-lo abraçar-me, calmo, em troca umidamente reforjada. Mas teimo em repudiá-lo. Fecho os olhos, coloco-os esquecidos fora de mim.
Às vezes é a noite preguiçosa que tece verdades escondidas outrora pela luz, e me mostra calma, renitente e relutante a minha alma, cheia de verdes espinhos que machucam minhas certezas e sucumbem o grito e as lágrimas que calam pelo costume de secarem. Tenho medo das lágrimas, prefiro mastigá-las com pressa até que sinta o gosto amargo do que era amor.
E quando é noite, e a lua uiva, sinto a dor de buscar tua perda sincera, tua falta  que fiz, afastando de ti minha presença corroída, minha busca solitária.
Tenho mais medo de pessoas do que de lágrimas, mais medo de olhos que de rios, por isso afasto-as repentinamente. Assim consigo calar lágrimas e em silêncio guardá-las, levando-as nas mãos até meu peito escuro que cavei. Coloco-as pacientes dentro dos feixes do peito, para que sequem ao sol  quando amanhecer.

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